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E agora? Algo completamente diferente? Nem por isso

O PS, através um grupo de economistas, apresentou o cenário macroeconómico que engloba um conjunto de propostas concretas. Esse conjunto de propostas representa, até certo ponto, a antítese dos últimos quatro anos.
Verifica-se assim a intenção por parte do Partido Socialista de apostar no rendimento disponível, quer através da redução de impostos (IRS), quer através da devolução de pensões e salários. A ideia é simples e tem sido ignorada pelo actual Governo: aumenta o rendimento, aumenta o poder de compra e o consumo interno e estimula-se deste modo a economia. Em contrapartida existe a intenção de aumentar o imposto sucessório,
Paralelamente, é sugerido um complemento salarial pago pelo Estado aos trabalhadores com salários mais baixos. Sugere-se a reposição dos abonos de família e do complemento solidário de idosos. Restam algumas dúvidas quanto aos funcionários públicos, haverá racionalização de efectivos? Como?
De um modo geral, abandona-se a ideia das exportações como motor da recuperação económica, e aposta-se no reforço do rendimento das famílias como forma de promover a procura interna. Mais despesa, mas também mais dinheiro disponível, mais procura interna, mais emprego, mais descontos, menos subsídios de desemprego. Crescimento económico.
Todavia, existem aspectos negativos que aproximam o Partido Socialista da direita. Desde logo, a rejeição da reestruturação da dívida, factor que dificulta uma aproximação do PS dos restantes partidos de esquerda e inviabiliza qualquer solução para o país. O Tratado Orçamental é para cumprir. O investimento público continua a não existir. E claro está, a redução dos custos do trabalho, através da TSU, um paralelismo com o próprio PSD. Aliás no plano liberal, verifica-se a existência de sugestões que podem ser consideradas liberais; facilitação dos despedimentos colectivos; a proposta de um regime conciliatório (?); um contrato para a equidade laboral com períodos experimentais longos, ao mesmo tempo que se pretende penalizar quem use e abuse da contratação a prazo; formas de pré-aviso para que o trabalhador despedido encontre outro trabalho; o contrato colectivo apenas para quem aufere o salário mínimo. De igual modo, não há nada a dizer sobre a redução das férias, sobre as 35 horas ou sobre os cortes no subsídio de desemprego. 
O mesmo se passa com as privatizações, 
Aumento da idade da reforma e congelamento de pensões.
A Europa também não mereceu o tratamento que se exige.
Seja como for, tudo se tornou mais interessante. Finalmente existem propostas concretas e a discussão política poderá ser aquela que realmente interessa. 



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