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A Grécia e o Euro

A Grécia e o euro parece não terem qualquer futuro juntos. De resto, todos os esforços têm sido encetados no sentido de dificultar a vida da Grécia dentro da moeda única. A mensagem das instituições europeias, com especial enfoque no Banco Central Europeu, tem sido simples: ou a Grécia aceita, sem reservas, as doses cavalares de austeridade ou não tem lugar no grupo da moeda única.
Ora, os gregos foram claros na sua escolha democrática que recaiu precisamente sobre um partido cujo projecto político assenta na rejeição da austeridade. O Syrisa não pode defraudar as expectativas do seu povo, o que implica a rejeição da austeridade e a mais do que provável saída do euro.
A Europa, em especial a Alemanha e os seus caninos seguidores, acreditam estar assim a liquidar a possibilidade de novas frentes anti-austeridade surgirem por essa Europa fora. Eliminando o Syrisa, enfraquece-se um devir carregado de projectos políticos anti-austeridade. Se para concretizar o plano, a Grécia tiver de sair do euro, muito bem. Aliás, o governo finlandês, repleto de fieis seguidores de Merkel, ao bom estilo canino, deixou escapar a informação da existência de um memorando que contempla a saída da Grécia do euro.

Ora, a Grécia sai do euro e mantém-se na UE? Se sim, em que condições? Não poderá funcionar como uma força de bloqueio no seio da própria UE? E o que dizer do estreitamento das relações entre Grécia e Rússia? Pode-se seriamente contemplar uma saída da Grécia sem que outros países se sigam? Valerá a pena? Valerá a pena seguir à moda canina um país que durante todo o século XX beneficiou de todos os perdões e solidariedade possíveis e que hoje dá ares de uma falsa e ridícula superioridade? Contas feitas, o que resta do projecto europeu?

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