O
jihadismo, levado a cabo pelo grupo fundamentalista Estado Islâmico
(EI) ou ISIS, acabou por ser um problema subestimado, de um modo
geral. O vazio de poder em países como o Iraque e a instabilidade no
caso da Síria abriu as portas ao fundamentalismo de natureza
islâmica. Como combater um grupo que apresenta diferenças
substanciais em relações a outros existentes, como é o caso da
Al-Qaeda?
O
Estado Islâmico ocupa e "governa" territórios no sentido
de instaurar o Califado (recusado pela Al-Qaeda) e pelo caminho deixa
um rasto de destruição ao bom estilo medieval e de acordo com a lei
islâmica (Halal). Contrariamente a grupos como a Al-Qaeda que operam
a nível global, o EI instala-se num território específico, o que
poderá facilitar o seu combate. Com efeito, em sido essa a
estratégia de países como o Estados Unidos, mais ou menos
empenhados em combater o EI nos territórios ocupados, através de
bombardeamentos cirúrgicos.
Outra
característica do EI prende-se com a violência que recai sobre as
populações dos territórios ocupados. Já se fez referência ao
carácter medieval do grupo, o que pressupõe a utilização de
métodos de violência próprios da época, a que acresce a ideia da
aplicação de violência extrema com o objectivo de encurtar a
guerra. A história do profeta e das suas conquistas são verdadeiras
fontes de inspiração para aqueles que se juntam ao Estado Islâmico.
O contexto é o do fim dos tempos, numa espécie de tentativa de
salvação do Inferno. Contudo, a intensidade da violência
inviabiliza alianças e poderá contribuir para o fim do grupo. Por
outro lado, recorde-se que o EI é sunita e considera os xiitas
apóstatas o que pode dar origem a alianças improváveis entre
potências ocidentais e alianças na região, sobretudo com o Irão
de maioria xiita.
Paradoxalmente,
o elevado nível de violência perpretado pelo Estado Islâmico
acabará por contribuir decisivamente para o esgotamento desta forma
de jihadismo.
Mais
inquietante é uma outra forma de jihadismo que inspira grupos como a
Al-Qaeda, que operam globalmente e que ainda há escassos dias
tiraram a vida a 148 pessoas na Universidade de Garissa no Quénia (o
grupo responsável pelo massacre Al-Shabab tem ligações à
Al-Qaeda). Mais inquietante por ser mais difícil de combater.
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