Avançar para o conteúdo principal

A expansão do jihadismo II

O jihadismo, levado a cabo pelo grupo fundamentalista Estado Islâmico (EI) ou ISIS, acabou por ser um problema subestimado, de um modo geral. O vazio de poder em países como o Iraque e a instabilidade no caso da Síria abriu as portas ao fundamentalismo de natureza islâmica. Como combater um grupo que apresenta diferenças substanciais em relações a outros existentes, como é o caso da Al-Qaeda?
O Estado Islâmico ocupa e "governa" territórios no sentido de instaurar o Califado (recusado pela Al-Qaeda) e pelo caminho deixa um rasto de destruição ao bom estilo medieval e de acordo com a lei islâmica (Halal). Contrariamente a grupos como a Al-Qaeda que operam a nível global, o EI instala-se num território específico, o que poderá facilitar o seu combate. Com efeito, em sido essa a estratégia de países como o Estados Unidos, mais ou menos empenhados em combater o EI nos territórios ocupados, através de bombardeamentos cirúrgicos.
Outra característica do EI prende-se com a violência que recai sobre as populações dos territórios ocupados. Já se fez referência ao carácter medieval do grupo, o que pressupõe a utilização de métodos de violência próprios da época, a que acresce a ideia da aplicação de violência extrema com o objectivo de encurtar a guerra. A história do profeta e das suas conquistas são verdadeiras fontes de inspiração para aqueles que se juntam ao Estado Islâmico. O contexto é o do fim dos tempos, numa espécie de tentativa de salvação do Inferno. Contudo, a intensidade da violência inviabiliza alianças e poderá contribuir para o fim do grupo. Por outro lado, recorde-se que o EI é sunita e considera os xiitas apóstatas o que pode dar origem a alianças improváveis entre potências ocidentais e alianças na região, sobretudo com o Irão de maioria xiita.
Paradoxalmente, o elevado nível de violência perpretado pelo Estado Islâmico acabará por contribuir decisivamente para o esgotamento desta forma de jihadismo.

Mais inquietante é uma outra forma de jihadismo que inspira grupos como a Al-Qaeda, que operam globalmente e que ainda há escassos dias tiraram a vida a 148 pessoas na Universidade de Garissa no Quénia (o grupo responsável pelo massacre Al-Shabab tem ligações à Al-Qaeda). Mais inquietante por ser mais difícil de combater.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa