Em
Portugal foi notícia e existência de cinco mandados de captura
sobre cidadãos portugueses que partiram de Lisboa rumo à Síria
para se juntarem às fileiras do Estado Islâmico (EI). Recorde-se
que o EI ocupa parte significativa do Iraque, está às portas de
Damasco - uma ameaça que recai sobre a Líbia; um regresso ao
Islão inicial que inspira outros grupos fundamentalistas
responsáveis por atrocidades em países como a Nigéria ou mais
recentemente o Quénia.
É
fundamental aprofundar-se a compreensão deste grupo e não se cair
no erro quer de subestimar a ameaça, quer de reduzi-la à violência
incompreensível. Com efeito é de barbárie que falamos: o regresso
ao Islão inicial pressupõe um regresso à idade média e à
utilização de métodos de conquista e punição hoje considerados
absolutamente atrozes. Mas esta expansão do jihadismo, através do
Estado Islâmico ou ISIS, difere, de forma substancial, de outras
ameaças conhecidas como o caso da Al-Qaeda que alegava ter como
grandes objectivos a expulsão dos "infiéis" da terra
sagrada - península arábica - ou a destruição do Estado de Israel
e combate aos infiéis, recorrendo a ataques terroristas e não à
conquista e ocupação de territórios que passam a estar sob a
"governação" do Estado Islâmico e sob os ditames da
sharia. Paralelamente, o Estado Islâmico difere na percepção do
fim dos tempos - um elemento apocalíptico central que não estava
presente na Al-Qaeda.
É
precisamente essa ideia central apocalíptica associada a uma visão
medieval do Islão que torna os membros do EI propensos a níveis de
violência verdadeiramente atípicos. A ideia que postula a
existência de um califado - o original e não o último, o "Otomano"
- e a ideia do fim dos tempos não podem continuar a ser
subestimadas. Voltamos à noção de quem não teme a morte é capaz
de tudo, rigorosamente tudo.
A
luta contra a expansão do jiadismo que hoje tem sido ocupado, em
larga medida, pelo Estado Islâmico passa indubitavelmente pela
compreensão do fenómeno e não pelas simplificações e
subestimações do costume.
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