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Uma história mal contada

O primeiro-ministro não fez as devidas contribuições para a Segurança Social, até aqui não parece haver equívocos. Passos Coelho alegou desconhecimento dessa obrigação, o que parece pouco provável. Por outro lado falou-se em prescrição, mas a comunicação social afiança que as dívidas à SS não prescrevem, excepto quando o devedor "expressamente invoque a sua prescrição". Passos Coelho alegou igualmente não ter sido notificado, o que levanta outras questões que se prendem com a sua inscrição na SS. Paralelamente, o jornal "Público" noticia que o primeiro-ministro não pagou toda a dívida, faltando o período que corresponde aos anos de 1999,2000 e 2001.
Pelo caminho, o PSD, na pessoa de um assessor do primeiro-ministro, recupera uma notícia do extinto jornal "Tal e Qual" que dava conta que António Costa, no período que corresponde ao desempenho de funções na qualidade de ministro da Justiça, não pagou a contribuição autárquica. Uma notícia que não teve qualquer acompanhamento na comunicação social, nem na altura em que foi divulgada, nem tão-pouco agora.
A discussão política vai sendo relegada para segundo plano, embora António Costa comece a mostrar o seu programa de Governo, numa espécie de primeiro capítulo.

Entretanto, o primeiro-ministro vai perdendo argumentos - políticos já não tinha - e agora da sua conduta como cidadão, a todos os títulos reprovável, sobretudo quando essa conduta só terminou (?) depois de pressão da comunicação social e quando este primeiro-ministro procedeu ao maior aumento de impostos da história do país, invariavelmente associado a uma perseguição sem limites aos cidadãos. Uma história mal contada que, esperamos, tenha o pior final possível para o Passos Coelho e seus acólitos.

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