Avançar para o conteúdo principal

Uma história mal contada

O primeiro-ministro não fez as devidas contribuições para a Segurança Social, até aqui não parece haver equívocos. Passos Coelho alegou desconhecimento dessa obrigação, o que parece pouco provável. Por outro lado falou-se em prescrição, mas a comunicação social afiança que as dívidas à SS não prescrevem, excepto quando o devedor "expressamente invoque a sua prescrição". Passos Coelho alegou igualmente não ter sido notificado, o que levanta outras questões que se prendem com a sua inscrição na SS. Paralelamente, o jornal "Público" noticia que o primeiro-ministro não pagou toda a dívida, faltando o período que corresponde aos anos de 1999,2000 e 2001.
Pelo caminho, o PSD, na pessoa de um assessor do primeiro-ministro, recupera uma notícia do extinto jornal "Tal e Qual" que dava conta que António Costa, no período que corresponde ao desempenho de funções na qualidade de ministro da Justiça, não pagou a contribuição autárquica. Uma notícia que não teve qualquer acompanhamento na comunicação social, nem na altura em que foi divulgada, nem tão-pouco agora.
A discussão política vai sendo relegada para segundo plano, embora António Costa comece a mostrar o seu programa de Governo, numa espécie de primeiro capítulo.

Entretanto, o primeiro-ministro vai perdendo argumentos - políticos já não tinha - e agora da sua conduta como cidadão, a todos os títulos reprovável, sobretudo quando essa conduta só terminou (?) depois de pressão da comunicação social e quando este primeiro-ministro procedeu ao maior aumento de impostos da história do país, invariavelmente associado a uma perseguição sem limites aos cidadãos. Uma história mal contada que, esperamos, tenha o pior final possível para o Passos Coelho e seus acólitos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa