É
consensual que nem todos somos iguais e essa desigualdade é
percepcionada no que diz respeito à relação entre cidadãos e
Estado. A igualdade, em Portugal, nem chega a ser uma utopia; a
igualdade em Portugal tem tanto que se lhe diga.
Ora
a dualidade de critérios subjacente à relação entre cidadãos e
Estado e, sobretudo, entre alguns cidadãos e Estado, embora
consensual, torna-se mais difícil de aceitar se envolver o
primeiro-ministro que aumentou como nunca antes a carga fiscal,
manifestando invariavelmente uma superioridade moral que agora se
verifica ser risível.
Com
efeito, poderá muito bem ser essa superioridade moral que se esvaiu
num contexto de dualidade de critérios a liquidar as aspirações de
uma reeleição. É simples: poucos aceitarão a diferença
incomensurável no tratamento dado à esmagadora maioria dos cidadãos
e o tratamento diferenciado concedido a Pedro Passos Coelho.
Por
muitas explicações – amiúde
atabalhoadas
- que Passos Coelho ofereça, a verdade é que a ideia de que o
primeiro-ministro foi alvo de um tratamento diferente daquele dado ao
comum dos cidadãos já se instalou. A dualidade de critérios está
a ser fatal para Passos Coelho, mais do que as suas políticas de
empobrecimento, mais do que convites aos portugueses para abandonarem
o seu país, mais até do que a arrogância nauseabunda dos membros
deste Governo. A dualidade de critérios não é aceitável
no
contexto de uma pretensa superioridade moral que hoje se tornou
absolutamente ridícula e risível.
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