O
contexto socioeconómico é conhecido: desigualdades acentuadas,
serviços de saúde muito longe de dar resposta às populações,
serviços de transportes públicos desadequados e um sistema político
marcada indelevelmente pela corrupção.
No
entanto, existe trabalho feito, sobretudo por Lula da Silva, no
sentido de atenuar as desigualdades marcantes. Mas Dilma não é Lula
e tem escolhido um caminho sinuoso associado amiúde à direita - o
ajuste fiscal, mais parecido com a austeridade que fustiga a Europa -
é paradigmático de uma escolha errada que desvirtua a esquerda.
É
precisamente essa descaracterização da esquerda que enfraquece a
posição de Dilma. Paralelamente, os escândalos de corrupção
continuam a marcar o PT de Dilma; a promiscuidade entre poder
político e poder económica também fez escola no Brasil.
O
Brasil necessita de um vasto conjunto de mudanças: reforma política,
combate à corrupção (urge alterar o financiamento dos partidos
políticos), combate às desigualdades e, sobretudo, a esquerda do PT
não pode cair no erro que marca parte da esquerda europeia,
sucumbindo à promiscuidade com o poder económico, escolhendo
políticas de direita, descaracterizando-se. De resto, essa
descaracterização permite a ascensão de forças tantas vezes menos
democráticas e de sonhos com o regresso de ditaduras (no Brasil há
quem anseie pelo regresso da ditadura militar).
Ou
Dilma e o PT mostram-se capazes de encetar estas mudanças ou o
Brasil entra numa inquietante espiral de instabilidade política que
pode abrir espaço a movimentos políticos pouco consonantes com a
própria democracia.
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