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Voltando à Grécia

A lista que contém reformas estruturais propostas pelo Governo grego ao Presidente do Eurogrupo acabou por ser bem recebida, faltando ainda a aprovação, em sede parlamentar, de alguns Estados-membros. E assim se conseguiu mais quatro meses.
O documento contém algumas medidas que vão ao encontro do Programa de Salónica - programa eleitoral do Syrisa. O combate à corrupção e evasão fiscal são centrais, assim como a reforma do sector público de modo a torná-lo mais eficiente e menos burocrático.
A Alemanha pretendia apenas uma extensão do memorando de entendimento, o que não se verificou. E embora exista um compromisso de não reverter medidas incluídas no programa de ajustamento, o Governo grego prepara-se para aumentar, faseadamente, o salário mínimo, abortar os compromissos de Samaras, anterior primeiro-ministro, sobretudo no que diz respeito a cortes nas pensões e aumento do IVA, e a reintegração de 2010 funcionários públicos. Simultaneamente existe o compromisso de taxar as grandes fortunas.
Para garantir a viabilidade das medidas propostas, o Governo grego conta com a flexibilização da meta do excedente primário correspondente ao ano de 2015; contará igualmente com o regresso dos bancos gregos ao financiamento através do BCE e com as novas políticas do BCE; paralelamente, é esperado um contexto externo mais favorável, através da desvalorização do euro, a par da queda do petróleo, algum crescimento interno da zona euro e investimentos do BEI.

Ainda assim, fala-se de um fracasso da Grécia. O futuro é incerto, para a Grécia e para Portugal, mas ainda assim apelidar os resultados do Governo grego de fracasso é um exagero bacoco que, naturalmente, não encontra correspondência com a realidade. Serve contudo para enfraquecer movimentos políticos que não encaixem na lógica destrutiva da austeridade.

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