É
consensual que as desigualdades estão a crescer de modo
significativo - um fenómeno transversal. Os mais ricos estão
obscenamente mais ricos e não se coíbem de encontrar formas, mesmo
ilegais, de aumentar a sua riqueza. É neste contexto que devemos
abordar o "Swissleaks", um esquema de lavagem de dinheiro e
fuga fiscal que envolve o banco suíço HSBC e conta com cidadãos e
empresas de tudo o mundo.
O
esquema tinha como objectivo a fuga aos impostos em simultâneo com a
ocultação de dinheiro e foi divulgado por um consórcio
internacional de jornalistas, embora o caso não seja de todo
desconhecido até mesmo das autoridades. Recorde-se que Christine
Lagarde, quando era ministra das Finanças da República Francesa
teve acesso à lista, sem que quaisquer consequências tenham sido
conhecidas.
Ora,
não é despropositado nem exacerbado falar-se do 1 por cento em
oposição aos 99 por cento. Com efeito é mesmo disso que se trata:
de uma minoria restrita de pessoas que detém fortunas
incomensuráveis e de uma vasta maioria que se vê confrontada com
dificuldades crescentes. Mais grave: essa minoria conta com esquemas
- o "Suissleaks" é apenas um exemplo - para pagar menos
impostos e até para ocultar dinheiro oriundo de actividades
criminosas e a esmagadora maioria vê-se "esmagada" por uma
carga fiscal profundamente injusta. Deste modo, é uma ilusão
procurar-se manter os Estados Sociais onde eles efectivamente existem
quando quem realmente detém o capital escapa a uma contribuição
equitativa.
O
resultado desta disparidade fiscal reflecte-se no aprofundamento das
desigualdades. Os referidos Estados Sociais entraram forçosamente em
falência, aumentado naturalmente as desigualdades.
O
combate a este e outros fenómenos similares só pode ser feito
através de políticas concertadas. Para isso acontecer é
fundamental que exista vontade política, o que não se verifica
sobretudo quando os cidadãos escolhem representantes políticos que
são sobretudo representantes dessa minoria que não andará longe do
referido 1 por cento - uma minoria restrita mas com um poder
absolutamente desmedido.
Comentários