O
primeiro-ministro, no princípio do seu mandato, fez questão de
convidar os portugueses a emigrar. Uma situação inusitada e sem
precedentes. Poucos manifestaram o seu repúdio perante um convite
tão singular e, sob todos os pontos de vista, inadmissível.
Em ano de eleições, o governo liderado por Pedro Passos Coelho tem a iniciativa de aprovar estágios que permitam o regresso precisamente daqueles que saíram do país.
Dito por outras palavras: depois de um convite para sair, em ano de eleições, há um convite para regressar.
Só
não muda de ideias quem não tem ideias para mudar, como se costuma
dizer. Todavia, não será bem este o caso. 2015 obriga à aplicação
de medidas mais populares e a ideia de um primeiro-ministro que
convidou portugueses a sair do seu país e que tudo fez para que essa
possibilidade se tornasse real não é favorável para quem pretende
ser reeleito. Assim, dir-se-á que este é um Governo empenhado no
regresso daqueles que estão fora (medida enquadrada num plano de
estágios profissionais para maiores de 30 anos) e anula-se a ideia
inaceitável de se ter um primeiro-ministro que convida os seus
representados a sair do país. Será esta a intenção que se
enquadra num contexto mais vasto de anulação de quase quatro anos
de empobrecimento e suas consequências.
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