Depois das mais de 50 horas de terror
vividas sobretudo na cidade de Paris, fica a questão sobre como
proceder doravante. Em suma, o que fazer?
Percebe-se que os acontecimentos dos
últimos dias resultarão inevitavelmente num aumento de sentimentos
contra a comunidade muçulmana, no aumento de popularidade da Frente
Nacional de Marine Le Pen e no desaparecimento inexorável de
François Hollande.
Por outro lado, os acontecimentos dos
últimos dias contribuem para o aumento da ostracização de
muçulmanos que serão mais permissíveis ao recrutamento para as
fileiras radicais.
Não há receitas fáceis e imediatas
para combater o terrorismo desta natureza. Pode-se combater a
doutrinação em mesquitas, escolas e por aí fora; deve-se evitar
generalizações; pode-se aumentar a vigilância com custos para as
nossas liberdades; deve-se apostar no melhoramento dos serviços de
informação; a cooperação entre países e policiais será
essencial e essa cooperação terá de se estender a país
predominantemente muçulmanos.
Aprender com os erros, designadamente
aqueles relacionados aos apoios a grupos de natureza fundamentalista
e a venda de armamento a esses grupos – o Estado Islâmico contou
até há pouco tempo com apoio das potências ocidentais, sobretudo
com vista a derrubar o regime de Bashar al-Assad na Síria, a
Al-Qaeda idem. Uma utopia em tempos em que o dinheiro é o valor supremo.
Enfim, existem naturalmente caminhos
que podem e nalguns casos devem ser percorridos, no entanto é
impossível conseguir-se impedir todos os atentados, em particular
aqueles que não necessitam de um grande planeamento e podem ser
executados por pequenas células numa qualquer cidade europeia.
De qualquer modo, devemos ter uma
certeza: façam o que fizerem, digam o que disserem, as sociedades
europeias manter-se-ão fiéis a si próprias, orgulhosas de si
próprias e livres. Nada poderá mudar isso.
Entretanto e segundo a Amnistia
Internacional mais de duas mil pessoas terão morrido na Nigéria
pelas mãos do grupo fundamentalista Boko Haram – uma geografia que
faz toda a diferença na forma como o mundo ocidental olha ou nem por
isso para esta hecatombe humana.
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