A
liberdade tem sido profusamente discutida em Portugal e sobretudo no
resto da Europa. O atentado ao Charlie Hebdo abriu a discussão sobre
as liberdades. De resto, essa mesma discussão enquadra-se
perfeitamente no próprio conceito de democracia que chama a si
próprio as liberdades e o pluralismo, também no que diz respeito às
opiniões.
Porém,
esse pluralismo é amiúde esquecido. Ana Gomes escreveu no twitter
ter ficado desagradada com a última edição do Charlie Hebdo. As
respostas não esperaram pela demora e há quem fale de liberdade
esquecendo-se da liberdade do outro na manifestação da sua opinião
ou até mesmo do seu repúdio. A capa do Charlie Hebdo - edição
desta quarta-feira - é passível de críticas, é precisamente esse
o espírito do pluralismo que enriquece as democracias. De resto,
posso opinar favoravelmente sobre a escolha do profeta para a capa da
última edição do Charlie. Quem não se revê nesta ou noutras
publicações é livre de manifestá-lo. O que se torna inaceitável
é que se ponha em causa o que quer que seja por hipotéticas
ofensas.
Pessoalmente
quero viver numa sociedade em que existem publicações como o
Charlie Hebdo e lutarei por viver nessa sociedade. No entanto, tenho
de aceitar que existe quem discorde, não da existência da
publicação, mas do seu conteúdo. As pessoas são livres de
criticar o conteúdo desta e de outras publicações. Poderei refutar
essas críticas, mas não as posso por em causa, caso contrário como
fazer a apologia da liberdade se acabo por cercear a liberdade dos
outros? Liberdade
de pensamento e de opinião.
Para
finalizar: lamento
não viver numa sociedade onde existam verdadeiramente publicações
ou
outros instrumentos de opinião como o Charlie Hebdo.
Sim, porque Portugal ainda é o país onde se pode brincar, criticar,
e
eventualmente satirizar,
mas com "respeitinho".
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