Existirá
alguma relação entre o aumento de mortes nas urgências dos
hospitais e o desinvestimento feito por este Governo no Sistema
Nacional de Saúde? Existirá, de facto, um aumento do número de
óbitos nas urgências dos hospitais, comparativamente com períodos análogos? Os hospitais poderiam ter feito mais ou trata-se de casos
intrincados que nem a melhor resposta médica poderia salvar?
Estas
questões merecem respostas urgentes, sendo difícil dissociar o que
tem vindo a acontecer no SNS e o desinvestimento de largas centenas
de milhões de euros a coberto da troika, da crise, do que quer que
seja. É possível falar-se de consequências directas?
Se
atentarmos ao que se passa na Grécia, verificamos que a área da
saúde pública foi das mais fortemente fustigadas pelas imposições
externas e pela conivência de governos fieis a essas exigências.
Todos os indicadores no caso grego, sobretudo na área da saúde, são
assustadores.
Dir-se-á novamente que Portugal não é a Grécia e concordamos, desde logo, porque em Portugal estamos muito longe de apostar numa solução governativa fora dos partidos do costume como é o caso da Grécia e do Syrisa, mas ainda assim importa não desprezar os resultados da austeridade naquele país.
Dir-se-á novamente que Portugal não é a Grécia e concordamos, desde logo, porque em Portugal estamos muito longe de apostar numa solução governativa fora dos partidos do costume como é o caso da Grécia e do Syrisa, mas ainda assim importa não desprezar os resultados da austeridade naquele país.
Por
ora, aguarda-se uma explicação cabal que permita compreender o que
está a passar, em particular, nas últimas semanas nos hospitais
públicos portugueses. A contratação de médicos reformados para os
centros de saúde e de mais mil enfermeiros mais não é do que uma
forma de escamotear uma situação que não estará longe do já
referido desinvestimento a que a área da Saúde tem vindo a ser
sujeita, assim como não podemos dissociar o desinvestimento na saúde
pública do claro benefício que esse desinvestimento traz ao sector
privado. Não é por acaso que se fala da possibilidade das urgências
de hospitais privados poderem assistir doentes do SNS. Está cumprido
o desígnio: a mais abrangente mercantilização da saúde de que há
memória.
Comentários