... afinal alegam não ser donos disto
tudo, considerando mesmo o epíteto ofensivo, pelo menos Ricardo
Salgado. As televisões inundaram o espaço público com frases
sonantes e acusações recíprocas dos senhores que até há bem
pouco tempo estavam à frente dos destinos de um dos maiores bancos
do país - um dos bancos que mais participou na derrocada do país,
estando invariavelmente envolvido numa boa parte dos negócios
escabrosos realizados em Portugal num contexto de promiscuidade
abjecta entre poder político e poder económico-financeiro.
O país real - dos desempregados,
trabalhadores precários, famílias endividadas que viram as suas
situações agravar-se com cortes salariais e de pensões, país
daqueles que já têm dificuldades em suprimir as necessidades
básicas - assiste ao confronto entre primos cuja voracidade atingiu
limites incompreensíveis.
Entrar nos detalhes opacos e
intrincados do caso BES é exercício que não me interessa; entre
contabilistas, governador do Banco de Portugal, primeiro-ministro,
ministra das Finanças, primos e afilhados - desta feita sem
motoristas envolvidos - alguém será culpado.
O facto é que os custos desta derrocada, resultado de um fome de dinheiro e de poder sem limites, passará inevitavelmente para o lado dos cidadãos - os tais do país real, aqueles que um dos donos disto tudo afirmou serem os verdadeiros donos disto tudo. Enfim, um nojo a que o país estranhamente parece ter-se habituado.
O facto é que os custos desta derrocada, resultado de um fome de dinheiro e de poder sem limites, passará inevitavelmente para o lado dos cidadãos - os tais do país real, aqueles que um dos donos disto tudo afirmou serem os verdadeiros donos disto tudo. Enfim, um nojo a que o país estranhamente parece ter-se habituado.
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