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É melhor não perguntar

A frase em epígrafe é uma entre outras reveladoras de um contexto onde impera o dinheiro indevido e a informação privilegiada. Esse contexto dá pelo nome de Reunião do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo - a gravação mencionada reunião acabou divulgada pela comunicação social.
Na conversa entre Ricardo Salgado e outros membros do Grupo Espírito Santo é discutida a distribuição de comissões pagas pela aquisição dos famigerados submarinos. 5 milhões para aqui, 15 para ali Quanto para quem? É melhor não perguntar, responde Salgado. Um exemplo do poder incomensurável dos membros da casta dominante composta por homens de negócio e políticos.
Dessa gravação percebe-se que o arquivamento do processo dos submarinos já era conhecida por Salgado. Recorde-se que este processo esteve em investigação no DCIAP desde 2006; recorde-se também que processos relativos ao consórcio alemão Ferrostal resultaram em condenações na Alemanha e na Grécia;  e, finalmente, importa lembrar que o procurador em 2012 referiu que "grande parte dos elementos referentes ao concurso público de aquisição dos submarinos não encontrava arquivada nos respectivos serviços (da Defesa). Paulo Portas, ministro da Defesa na altura, escapou incólume.
Entretanto, em semana de greves dos transportes públicos daqueles que procuram salvar as migalhas, ouve-se o habitual conjunto de palavras de desagrado precisamente dirigidas a quem tenta salvar o pouco que resta, fruto do seu trabalho. O que se passa com este país? É melhor não perguntar?

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