Enquanto o país se entretém com
minudências em torno da prisão de um primeiro ministro; enquanto o
país se distrai com hipotéticas alianças à esquerda do mais
provável vencedor das próximas legislativas, Portugal continua o
ritmo de empobrecimento e assiste a um agravamento dos níveis de
desigualdade.
Sendo certo que a desigualdade tem
crescido um pouco por todo o mundo ocidental, incluindo boa parte dos
países europeus, a verdade é que em Portugal essas desigualdades
não cessam de medrar.
É também evidente que a desigualdade
foi, durante décadas, escamoteada pela acesso ao crédito. Criou-se
uma ilusão: era possível, através do crédito ter acesso a
determinados bens, ao mesmo tempo em que o nível salarial estagnava
ou decrescia. Os países subjugados pela austeridade são também de
modo evidente aqueles que mais sofrem o peso das desigualdades.
Assim, sobra o Estado Social - Saúde,
Educação e Segurança Social - que contribuem para atenuar as
desigualdades, correspondendo mesmo, como Francisco Louça sublinha,
a um segundo salário. Porém, é precisamente o Estado Social o
principal visado pelas políticas de austeridade. Não tenhamos
dúvidas: mais desigualdades, sobretudo com o enfraquecimento do
Estado Social, está longe de ser sinónimo de melhores resultados
das economias, muito pelo contrário. A este propósito recomenda-se
a leitura do Preço da Desigualdade de Joseph E. Stiglitz.
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