Portugal foi sujeito a transformações,
sobretudo nos últimos anos, que se consubstanciam num retrocesso sem
precedentes. Todos conhecemos as transformações cogitadas pelo
actual Executivo: no trabalho, no Estado Social e na forma displiscente como se olha para todos os activos do país. Porém, há
uma transformação que porventura é menos discutida e que se prende
com a forma como Portugal é visto externamente.
Este Governo tornou o país ainda mais
pequeno.
Os líderes políticos portugueses
adoptaram, desde há muito tempo, uma postura que aposta na
subserviência. Mas os actuais líderes - membros do Governo e
Presidente da República - levaram essa subserviência ainda mais
longe, fragilizando a imagem que os outros têm de nós. Ao
procurarem a solução troika, ao insistirem que o pais viveu acima
das suas possibilidades, ao andarem de mãos estendidas perante
países europeus e fora da Europa, ao afirmarem que o país não tem
lugar para os seus próprios cidadãos, estes senhores enfraqueceram
o país, sob todos pontos de vista, incluindo naturalmente os pontos
de vista externos.
Nunca este Governo valorizou o país,
muito pelo contrário, o seu trabalho passou precisamente pela
desvalorização de Portugal e isto afecta a forma como os outros
olham para nós.
Não espanta pois que líderes de
outros países se imiscuam nos nossos assuntos, quando nós nunca
ousaríamos fazer o mesmo. Assim, ninguém pode verdadeiramente ficar
escandalizado quando Merkel diz que existem demasiados licenciados em
Portugal e em Espanha (Espanha também tem passado por uma
desvalorização, embora, em muitos aspectos, não tão acentuada). E
o mesmo se passará com a inusitada expulsão de juízes e um
procurador de Timor-Leste, sem que tenha sido dada alguma explicação
cabal aos responsáveis políticos portugueses.
Em suma, quando quem governa não
respeita o seu país - como tem sido o caso - como é que se pode
esperar respeito da parte de quem nos olha à distância? A verdade é
que esses países raras vezes olham para nós, mas quando o fazem é
com manifesta falta de consideração.
O bom aluno transformou-se naquele
aluno tão bajulador que enoja os próprios professores. Sobre esta
transformação corre menos tinta, infelizmente.
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