A prisão de José Sócrates permite,
entre outras coisas, um aliviar da pressão sobre o Governo que assim
conhece um período de paz paradoxalmente num momento conturbado da
vida democrática portuguesa.
Para além dos casos de justiça que
envolvem dirigentes nomeados pelo PSD, incluindo o ex-director do SEF
e do Instituto dos Registos e Notariado, as políticas que afundam o
país, nas quais se inclui um Orçamento de Estado desastroso, caem
no esquecimento. Todas as atenções estão centradas em José
Sócrates; a novela está para durar e os problemas do país ficam
relegados para um segundo plano.
Em bom rigor, o assunto Sócrates
deveria estar encerrado; o assunto diz respeito à Justiça e aos os
principais intervenientes no processo. E tanto mais é assim que a
comunicação social, na ausência de informação e de bom senso,
debruça-se sobre refeições, espaço de cela, duches e hipotéticas
leituras.
Deste modo, o Governo sossega. Os
casos relativos aos vistos dourados deixaram de ter particular
significado e as políticas de empobrecimento podem continuar, aliás,
como têm de resto sido aplicadas, sem qualquer contestação. É
evidente que essa paz pode ser perturbada por eventuais casos que
possam eventualmente surgir, mas até lá...
Entretanto, o PS acaba por estar
condicionado pela prisão de um dos seus mais importantes membros, A
Costa resta fazer a gestão mais sensata possível, não se sabendo
muito bem se essa gestão passa ou não por incluir apoiantes de
Sócrates nas suas fileiras. A Costa resta aprofundar as suas ideias
para o país, deixando à Justiça o que à Justiça pertence.
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