A prisão de um antigo
primeiro-ministro, sobretudo um que conseguiu despertar paixões e
ódios tantas vezes inusitados, é assunto para dominar o espaço
público. No entanto, chegará a altura em que o país se deverá
debruçar sobre assuntos determinantes, deixando o resto à Justiça.
Será benéfico para todos que assim seja. Isto a acreditarmos que o
caso Sócrates é um caso isolado e que o país não será
confrontado com mais surpresas.
De qualquer modo, importa voltar a
centrar as atenções naquilo que é determinante para o nosso futuro
colectivo. Importa discutir políticas, projectos e eventuais
soluções. De resto, estamos a pouco menos de um ano de eleições,
o que torna essa discussão ainda mais necessária e premente.
Na verdade, essa discussão tão
necessária tem sido substituída por banalidades, acusações,
regressos ao passado, casos - tudo menos ideias, projectos.
Uma matéria tão importante como é a
necessidade ou não de reestruturar a dívida tem merecido uma
discussão minimalista e inócua. Nada mais. Esta é talvez a maior
prioridade do país e é simplesmente uma discussão que partidos
políticos, sobretudo os pertencentes ao arco da governação,
evitam. Uns negam essa possibilidade sem tão-pouco fundamentar essa
sua recusa; e o PS mostra-se pouco interessado na discussão.
Sem um tratamento eficaz da dívida o país continuará a empobrecer, agarrado ao pagamento de juros obscenos, adiando eternamente o futuro.
Sem um tratamento eficaz da dívida o país continuará a empobrecer, agarrado ao pagamento de juros obscenos, adiando eternamente o futuro.
O presente tem sido marcado pela
prisão inaudita de um antigo primeiro-ministro, mas todos temos de
uma vez por todas de olhar novamente para o futuro - um futuro
marcado pela dívida monstruosa, condicionadora e impagável.
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