Um dos milagres mais famigerados
prende-se com os números surpreendentemente baixos do desemprego,
abaixo dos 14 por cento, sem correlação com o país real. Este é
talvez o milagre mais curioso e que serve os intentos do Governo,
apostado em passar uma imagem de sucesso.
É claro que para haver milagre é
necessário deixar de fora algumas variáveis incómodas: os
contratos de Emprego-Inserção; os que desistiram de procurar
emprego, pese embora ainda se encontrem em idade activa; o peso da
emigração.
De fora do milagre ficam também os
contratos, cada vez mais frequentes, de 3 meses implicando uma
situação de desemprego cíclica; os estágios com fundos estatais
que implicam a dispensa findo o estágio; os salários descaradamente
baixos.
O que interessa é passar a ideia de
que o desemprego está sempre a baixar, mesmo que fora dos números
oficiais se encontrem centenas de milhar de cidadãos que se
encontram efectivamente desempregados ou que saíram do país - a
recomendação também do primeiro-ministro.
Se os números encontrassem uma
relação com a realidade do país, não se poderia falar de milagre,
mas sim de desastre social e isso, reconheça-se, não convém ao
Governo. Se os números do desemprego encontrassem relação com a
realidade a taxa de desemprego rondaria os 22 por cento - uma chatice
que o Governo dispensa. Valha-nos o milagre.
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