O finca-pé do Presidente francês em
relação ao Orçamento para 2015 põe a nu as divisões que começam
a desenhar-se na Europa.
Primeiro, e de forma mais ténue, o
Presidente do Banco Central Europeu adoptou uma posição que não
agradou inteiramente à vontade da Alemanha. Agora é a vez de alguns
Estados-membros, designadamente França e Itália, questionarem a
inflexibilidade das metas europeias. Depois de anos de austeridade e
subserviência dos países periféricos, a Europa mostra-se dividida
entre aqueles que consideram a receita austeritária certeira e os
outros que simplesmente revelam-se incapazes de sobreviver
politicamente a essa mesma receita.
E Portugal? O Governo português
sadicamente apologista da receita austeritária, amiúde mais papista
do que o papa, coloca-se ao lado da Alemanha. Passos Coelho é um
forte defensor da austeridade até à morte. Repito, e Portugal?
Portugal está à mercê de um fanatismo ideológico aliado a uma
exasperante mediocridade. Pelo caminho a casta dominante que este
Governo pretende salvaguardar continua a fazer o seu caminho que se
traduz invariavelmente no enriquecimento de uns e no empobrecimento
da esmagadora maioria.
De uma coisa podemos estar certos: o
Executivo de Passos Coelho e de Paulo Portas não escolherão o lado
da França e de Itália, muito pelo contrário, o actual Governo
prefere alinhar com a intransigência alemã - uma posição
gradualmente isolada, mas que ainda assim é dominante na Europa.
A posição do Governo português é
contrária aos interesses do país. E é tudo muito claro: o Governo
tem toda a facilidade do mundo em infligir sofrimento aos seus
cidadãos - na Europa das divisões, este Governo alinha com
políticas prejudicais ao interesse nacional. Há muitos nomes para
isto e nenhum é bonito.
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