Avançar para o conteúdo principal

TTIP

O Tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, conhecido por TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), negociado longe dos olhares dos cidadãos, e muito longe de apenas um tratado de livre comércio, afigura-se como sendo promotor de verdadeiras tragédias sociais, pela morte da soberania dos Estados e pelo esvaziamento completo das democracias. Não se trata de exagero de retórica: o TTIP é desastroso sob todos os pontos de vista, excepto aquele das grandes empresas.
De um modo geral, o TTIP representa um enfraquecimento, das organizações como o ONU ou até dos tribunais internacionais e, claro está, dos Estados. As leis desses Estados passam para segundo plano e nunca podem representar qualquer óbice aos lucros. O TTIP é isso mesmo: a supremacia dos lucros. Quantos às leis nacionais e internacionais, estas têm de se subjugar ao imperativo das grandes multinacionais. Empresas a processar Estados por não obterem lucro deixa de ser assim tão rebuscado.
Imagine-se agora o que acontecerá com leis ambientais ou com a legislação laboral - tudo obstáculos à obtenção do lucro. Na luta entre investimento e leis nacionais ou comunitárias ganhará sempre o investimento.
Recorde-se a título de exemplo que a UE manteve leis antidumping social e laboral, hoje enfraquecidas, é certo, que impedem a descaracterização e enfraquecimento total do mercado de trabalho europeu. Esse antidumping social e laboral não resiste ao TTIP. O mesmo acontecerá com a legislação que impede o dumping ambiental. O caminho é seguir alinhar pela bitola dos Estados Unidos, claramente mais "flexível".
Este é o Tratado que está a ser negociado nas costas dos cidadãos americanos e europeus. Em Portugal o assunto simplesmente não existe. De resto, como tem sido a norma, quando acordarmos para este problema já será tarde demais. Para aqueles que procuram manter-se acordados, dia 11 deste mês está marcada um evento público de divulgação sobre o TTIP.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...