Avançar para o conteúdo principal

Rejeição da austeridade

A França diz-se incapaz de cumprir a meta do défice de 3 por cento. O governo italiano pede mais flexibilidade. A Alemanha mostra-se contra - o euro e a crise reforçaram a Alemanha no contexto financeiro global. Portugal rejeita qualquer flexibilidade.
Relativamente à posição do Governo português nada de novo: os últimos três anos foram marcados por um misto de subserviência perante as instâncias europeias e inflexibilidade no que diz respeito aos cidadãos que representam. Forte com os fracos e fraco com os fortes pode bem ser o mote do Executivo de Passos Coelho.
No entanto, são visíveis sinais de mudança. O desgaste do actual Executivo (anos de fortíssima austeridade misturada com uma estranha incompetência, sobretudo na Justiça e na Educação) e o desgaste do próprio primeiro ministro, associados a uma mudança esperada no Partido Socialista, ditarão o fim da dupla Passos Coelho/Paulo Portas.
Interessa pois saber qual será a postura do próximo governo, Costa terá muito que conversar com os Portugueses.
A rejeição da austeridade por parte de franceses e italianos não terá a força - aparentemente - para criar uma crise na UE. Não deixam contudo de constituir sinais interessantes. Porém e de um modo geral essa rejeição é tímida e está longe de resolver os problemas da Zona Euro. A solução é incomensuravelmente mais exigente e mais estrutural. Por outro lado, é possível que Bruxelas e Paris cheguem a um entendimento com Paris a aceitar doses menos cavalares de austeridade.
No cômputo geral, estes sinais são interessantes para um país que não tem a capacidade de sobreviver nas actuais condições, o essencial, no entanto, manter-se-á porque é esse o desejo da Alemanha.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...