A dívida é o maior problema do país
e, no entanto, a sua discussão é quase inexistente. Os partidos do
arco da governação fogem da discussão como o diabo da cruz. PSD e
CDS nem querem ouvir falar de uma hipotética reestruturação da
dívida e o PS, com António Costa, já manifestou algumas alergias
relativamente ao assunto.
Assim, a dívida é assunto que não
tem direito a discussão precisamente porque qualquer discussão tem
de abordar duas questões: a dívida é impagável e urge
reestruturar a dívida. Como? De que forma? Essas são as questões
que se seguem ao reconhecimento da impossibilidade de pagar a dívida
e a necessidade de reestruturá-la.
Fala-se muito de divida pública, mas
a dívida externa (pública e privada) ascende aos 300 mil milhões
de euros: um colosso que inviabiliza qualquer futuro para o país.
Ainda antes de se pensar em
reestruturar a dívida, importa perceber que dívida é esta. Assim
nasceu a Auditoria Cidadã à divida promovida por um grupo de
trabalho conhecido por IAC. Os constrangimentos foram mais que
muitos, mas a iniciativa é determinante para se abordar o tema da
dívida. Há dívida ilegítima? Qual? O caso da compra dos
submarinos é apenas um exemplo de divida contraída à revelia dos
interesses do país.
Hoje, dia 22, é discutida no
Parlamento uma petição levava a cabo pela
Iniciativa por uma
Auditoria Cidadã à Dívida e
que contou com o apoio de milhares de cidadãos. A petição
designada por “Pobreza
Não Paga a Dívida/ Renegociação Já” será
assim discutida. Conhecidas as posições dos partidos da maioria –
rejeição de qualquer reestruturação ou renegociação e
conhecidas também as posições dos partidos à esquerda do PS
(Bloco favorável à reestruturação, PCP mais próximo das posições
que defendem a saída do Euro), fica a curiosidade de ver até que
ponto o Partido Socialista procurará uma clarificação ou
manter-se-á refém da ambiguidade e da subsequente indefinição.
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