Ou melhor: Hong Kong e a luta pela
democracia, uma luta desprezada pelo mundo.
De facto, luta do Occupy Central não
têm sido ignorada pela comunicação social, embora essa cobertura
seja enviesada ou superficial. A luta pelas liberdades; a luta contra
o aumento das desigualdades que têm crescido exponencialmente
(inexistência de subsídios de desemprego, pensões, as quase 50
horas de trabalho semanal, o preço astronómico da habitação) e a
luta pela democracia acabam por ser tópicos abordados de forma
superficial. Insiste-se ao invés na enfatização da desobediência
civil – uma desobediência absolutamente justificada.
A comunidade internacional age como se
nada passasse em Hong Kong. A direita (boa parte dela) tem na China
um parceiro comercial incomensuravelmente importante, o que
inviabiliza qualquer critica. A esquerda (parte dela) sente-se pouco
à vontade com críticas à China, ignorando assim a importância da
luta daqueles que, à semelhança de parte da esquerda, lutam pelo
fim das desigualdades, pelas liberdades, pela autonomia política e
pela democracia. As exigências são as mesmas, diferem apenas os
contextos.
No cômputo geral, o que se está a
passar em Hong Kong, embora tenha conseguido alguma visibilidade da
comunicação internacional, superficial, mas ainda assim alguma
visibilidade, está longe de conseguir arrancar uma critica ao regime
chinês da parte da comunidade política internacional.
Assim, aqueles que pretendem uma
democracia plena, que insistem na eleição directa do chefe de
governo de Hong Kong que deixou de ser colónia britânica desde
1997, estão sozinhos. E nem a enviesada atenção da comunicação
social os arrancará desse isolamento. A China quer manter o controlo
absoluto sobre o governo de Hong Kong que por ter sido colónia
britânica conta assim com uma margem maior de informação e
movimento. Evitará certamente uma nova situação semelhante a
Tiananmen, mas sem flexibilidade para mais. Paradoxalmente, uma
repetição de Tiananmen seria exactamente aquilo que alguma
comunicação desejaria.
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