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Alunos sem professores

A situação arrasta-se há demasiado tempo. Alunos sem professores; professores colocados em dezenas de escolas, vidas ainda mais intrincadas; directores escolares à beira de um ataque de nervos; pais inquietos; um ministério desnorteado; um país à deriva. Esta é a situação da Educação em Portugal. Erros de cálculo de um ministério tutelado por uma sumida académica precisamente na área da matemática. Irónico.
Depois do pedido de desculpas de Nuno Crato, ministro da Educação, as escolas continuam a ser confrontadas com a existência de alunos sem professores. O primeiro-ministro que tudo faz para manter alguma vivacidade política reitera a sua confiança num ministro que não esconde o seu gosto por viagens e que mesmo durante o caos da abertura do ano lectivo não se coibiu de viajar. Gostos. Gostos requintados.
Recorde-se que este é o mesmo ministro que aceitou um corte de mais de 11 por cento no seu ministério, isto depois de anos de cortes incomensuráveis. Para Nuno Crato tudo isto é normal e se, de facto, as coisas não correm de feição, um novo pedido de desculpas estará na calha. Entretanto, o país vai fingindo viver na normalidade - uma estranha normalidade - e o Executivo de Passos Coelho e Paulo Portas vai fingindo ser qualquer coisa remotamente semelhante a um Governo.

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