A discussão sobre um hipotético, mas
devido, aumento do salário mínimo, arrasta-se no tempo. O último a
pronunciar-se sobre este assunto foi o presidente da Confederação
do Comércio e Serviços que afirmou disponibilidade de aumento acima
dos 500 euros, mas confessou também indisponibilidade para que esse
aumento se verifique ainda este ano.
Entre os parceiros sociais parece
existir algum consenso em torno da necessidade do aumento do salário
mínimo. As discordâncias prendem-se com valores e com a entrada em
vigor da medida.
De qualquer modo, existe um outro
consenso: o salário mínimo em Portugal é vergonhosamente baixo e
contribui para os elevados níveis de pobreza que afligem o país.
Alguns procuram justificar esse valor vergonhoso com a fraca
competitividade da economia portuguesa - uma fraca competitividade
que serve para justificar tudo e mais alguma coisa. Uma
competitividade anódina que se explica por sua vez com os bodes
expiatórios do costume: os trabalhadores. Esta é, à semelhança de
outras, uma discussão enviesada. Lamentavelmente.
O
salário mínimo acabará por conhecer um aumento, não
exclusivamente pela vontade dos parceiros sociais, mas porque se
aproxima ano de eleições. Tão simples quanto isso. Quanto aos
parceiros sociais, já todos esquecemos a opinião - aquando da
chegada da troika - precisamente daqueles que hoje pugnam por um
aumento do salário mínimo porque sabem que a quebra do consumo
interno reflecte-se directamente na sobrevivência dos seus negócios.
Esses eram os mesmos que rejubilaram com a chegada da troika. Hoje
mostram ter uma outra opinião e ainda bem que assim é.
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