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Peço desculpa... para o ano há eleições

Primeiro foi a ministra da Justiça a pedir desculpa pelo mau início da sua reforma judicial, mais concretamente no que diz respeito ao sistema informático citius. Este pedido de desculpas terá mais tímido e como de resto é habitual não escapou a uma boa dose de ridículo – a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, pediu desculpa “pelo transtorno”. É verdade, não se trata de uma anedota. O transtorno a que se refere a ministra da Justiça prende-se com a paralisação de parte do sistema judicial dependente de um sistema informático que não aguentaria a reforma da ministra. E nem tão-pouco se pode alegar que a ministra terá sido apanhada desprevenida. Os responsáveis pelo sistema já tinham avisado a ministro. Enfim, transtornos.
Depois o ministro da Educação, Nuno Crato, o homem que sempre defendeu visceralmente o rigor, vê o seu ministério “espalhar-se” num pretenso erro de cálculo na colocação dos professores. O resultado? Mais um início conturbado do ano lectivo. Felizmente, segundo o primeiro-ministro, esse referido erro apenas afectou dois por cento das colocações.
De qualquer modo, assistimos a dois pedidos de desculpas na mesma semana, por parte de dois ministros distintos. O que há em comum? Incompetência, muito provavelmente deliberada, e uma ideologia nefasta indissociável dessa mesma incompetência, com o objectivo de enfraquecer os serviços públicos. E o que se aproxima? Eleições. O que justifica tanta humildade em tão-pouco tempo. Com efeito, é necessário mais tempo (quatro anos?) para se continuar a enfraquecer serviços públicos; para se continuar na senda de desvalorização e precarização no domínio laboral e são necessários mais anos para se proceder à venda (privatizações) do pouco que resta.

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