As quezílias internas do Partido
Socialista, com António José Seguro e António Costa no papel de
protagonistas, traduzem-se novamente na escolha da forma em
detrimento da substância.
As trocas de acusações, amiúde sem
referências ao nome de cada um dos candidatos, o pagamento inusitado
de quotas por atacado e a confusão em torno daquilo que cada um dos
candidatos pretendem para o país marcam indelevelmente esta campanha
interna.
Os debates estão à porta e não
auguram nada de positivo, a julgar pela atitude dos candidatos. O
partido que procura ser a alternativa é tudo menos uma alternativa.
De resto, todos suspeitam que vem aí mais do mesmo, talvez com
algumas mudanças ténues na intensidade da dor infligida. António
Costa que apenas mostrou não querer marcar posição sobre os
assuntos incontornáveis da vida do país até elege Rui Rio como o
adversário à altura.
Os vencedores desta equação que se
traduz na escolha da forma em detrimento da substância são os
partidos do governo que, em circunstâncias normais, teriam quedas
mais significativas nas intenções de voto. E são demasiadas as
vezes que a comunicação social nos entretém com as tricas internas
do PS, afastando o Governo e as suas políticas do centro das
atenções.
No PS todos começaram mal: António
José Seguro, enclausurado por vontade própria numa gaiola
metafórica, incapaz de se mostrar como alternativa, sai da gaiola
tardiamente; António Costa, avançando de forma extemporânea e
insidiosa, incapaz de revelar o que de facto pretende para o pais.
Todos começaram mal e todos sabem quem é que nesta história vai
acabar mal: o país, o mesmo que hoje vive preso entre o ónus da
inevitabilidade e a indefinição deliberada.
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