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Início conturbado

A incompetência parece querer juntar-se definitivamente à ideologia nefasta do actual Governo: se assim não fosse como se explica o início conturbado da Justiça a que se junta agora o início também atribulado na Educação?
A  Justiça, essa área que tanto dignifica o país, encalhou. Sem sistema informático e depois de promessas de que tudo estaria operacional na primeira semana do mês, o que se assiste é precisamente ao contrário - nem está tudo operacional, nem pouco mais ou menos. A maior reforma judicial degenerou em retrocessos e da ministra apenas se conheceu a frase "reforma tranquila".
Na Educação um erro "informático" terá levado a "uma ordenação incorrecta" dos professores". Escolas que não funcionam por falta de funcionários, etc.
Quando se exige mais dos respectivos ministérios, a resposta é invariavelmente a mesma: um misto de tranquilidade e de impossibilidade na medida em que não há dinheiro para mais. Nuno Crato confessou gostar de fazer mais, se tivesse dinheiro; a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, afirma não ser possível fazer mais porque não há dinheiro.
Verifica-se por conseguinte o pior de dois mundos: a escassez de meios, fruto de uma política que tem visado o enfraquecimento dos serviços públicos e a mais abjecta incompetência e falta de preparação, convenientes, de resto. No caso da Justiça, existe mesmo uma carta dos responsáveis pelo sistema informático a reclamar a impossibilidade do sistema funcionar na maior reforma dos últimos 200 anos. Consequências? Como é habitual, nenhumas.
Ao início conturbado não é alheio o desinvestimento e enfraquecimento dos serviços públicos e mais do que uma consequência desse desinvestimento, o início conturbado é um fim em si mesmo - enquadrado num dos grandes objectivos do actual Executivo – o enfraquecimento dos serviços públicos.

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