Avançar para o conteúdo principal

Início conturbado

A incompetência parece querer juntar-se definitivamente à ideologia nefasta do actual Governo: se assim não fosse como se explica o início conturbado da Justiça a que se junta agora o início também atribulado na Educação?
A  Justiça, essa área que tanto dignifica o país, encalhou. Sem sistema informático e depois de promessas de que tudo estaria operacional na primeira semana do mês, o que se assiste é precisamente ao contrário - nem está tudo operacional, nem pouco mais ou menos. A maior reforma judicial degenerou em retrocessos e da ministra apenas se conheceu a frase "reforma tranquila".
Na Educação um erro "informático" terá levado a "uma ordenação incorrecta" dos professores". Escolas que não funcionam por falta de funcionários, etc.
Quando se exige mais dos respectivos ministérios, a resposta é invariavelmente a mesma: um misto de tranquilidade e de impossibilidade na medida em que não há dinheiro para mais. Nuno Crato confessou gostar de fazer mais, se tivesse dinheiro; a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, afirma não ser possível fazer mais porque não há dinheiro.
Verifica-se por conseguinte o pior de dois mundos: a escassez de meios, fruto de uma política que tem visado o enfraquecimento dos serviços públicos e a mais abjecta incompetência e falta de preparação, convenientes, de resto. No caso da Justiça, existe mesmo uma carta dos responsáveis pelo sistema informático a reclamar a impossibilidade do sistema funcionar na maior reforma dos últimos 200 anos. Consequências? Como é habitual, nenhumas.
Ao início conturbado não é alheio o desinvestimento e enfraquecimento dos serviços públicos e mais do que uma consequência desse desinvestimento, o início conturbado é um fim em si mesmo - enquadrado num dos grandes objectivos do actual Executivo – o enfraquecimento dos serviços públicos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa