Atrocidades inefáveis caracterizam a
actuação de um grupo jihadista que já referiu ter como objectivo a
restauração do califado. Estado Islâmico (EI) ou ISIS – Islamic
State of Iraq and Syria ou ainda Estado Islâmico do Iraque e do
Levante são as designações do grupo que reclama a necessidade de
um regresso às verdadeiras origens do Islão, recusando em absoluto
o Islão moderno.
Conquistam com acentuada celeridade e
eficiência parte do território iraquiano e parte do território
sírio; praticam actos atrozes contra aqueles que se desviam da sua
concepção religiosa; assassinam, violam, perseguem. Dois
jornalistas americanos foram cruelmente assassinados. Nas regiões
controladas pelo grupo é imposta a Sharia e registam-se casos de
conversões forçadas. O grupo apregoa e luta por um mundo “limpo”
e “puro”.
Estados Unidos respondem com ataques
cirúrgicos no Iraque, apoiando em simultâneo curdos e xiitas, a
Alemanha declarou o seu apoio também material, através de
armamento, aos Curdos, e o Irão, de maioria xiita, olha com
apreensão para a situação no vizinho Iraque.
O grupo sunita surge como sucessor da
Al-Qaeda e muitos consideram tratar-se de uma ameaça ainda maior. A
capacidade financeira do grupo tem vindo a crescer: suspeita-se de
apoios sauditas e sabe-se que a conquista de terras ricas em petróleo
tem permitido um financiamento que resulta da venda desse recurso no
mercado negro. A consequência é evidente: o aumento da capacidade
destrutiva dos jihadistas do EI.
Paralelamente, a corrupção que
grassa nas forças militares iraquianas a par da fragilidade de todas
as estruturas do próprio Estado iraquiano facilitaram a vida ao
Estado Islâmico. As divisões entre sunitas, xiitas e curdos compõe
o cenário. Os Yazidi, de origem curda, têm conhecido de perto a
violência dos jihadistas do Estado Islâmico.
Apesar da violência e talvez, em
parte devido a essa violência, muitos, incluindo cidadãos europeus,
vêem interesse em se juntar às fileiras do EI – motivo de
preocupação acrescida para os responsáveis políticos europeus e
americanos.
Depois de se considerar Bashar
al-Assad um ditador a abater e apesar dos avisos que chamavam a
atenção para o recrudescimento do radicalismo na Síria entre os
rebeldes que combatiam o regime de Bashar al-Assad, a “comunidade
internacional” olha chocada para uma realidade que infelizmente se
repete: a disseminação do radicalismo religioso.
Os confrontos entre o regime do
Presidente sírio Bashar al-Assad e os rebeldes não cessaram e o
Estado Islâmico encontra na Síria terreno fértil para a propagação
das suas ideias. Não seria de estranhar que hoje o ditador Bashar
al-Assad deixasse de ser o homem a abater. Temos assistido a
estranhas alianças, esta seria estranhíssima, mas não será ainda
assim totalmente descabida.
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