Os Estados Unidos não têm um passado
recente marcado pelo sucesso das suas intervenções externas:
Iraque, Líbia e Afeganistão são países mergulhados no caos e no
caso particular do Iraque prestes a transformar-se num Estado radical
caracterizado pela intolerância e pela barbárie.
Paralelamente, veja-se o caso da Síria
e do apoio americano aos rebeldes que já contavam nas suas fileiras
com os jihadistas que são hoje considerados a maior ameaça dos
últimos anos no que toca ao extremismo religioso. Bashar al-Assad
era o alvo a abater. Hoje considera-se um mal menor e até um
hipotético aliado.
O Estado Islâmico domina boa parte do
território iraquiano e do território sírio. A instauração do
califado já foi anunciado e está em pleno desenvolvimento. A
Administração Obama sofre pressões internas para responder de
forma mais musculada.
O Iraque dominado pelo extremismo é
sobretudo o resultado do falhanço americano; o Iraque dominado pelo
extremismo é a consequência de uma intervenção militar americana
sem qualquer sentido caracterizada pela ignorância, voracidade e
arrogância. O resultado está à vista: um país partido em três,
politicamente instável, com forças armadas corruptas e agora com
parte importante do seu território no caminho de se tornar um Estado
caracterizado pelo extremismo religioso.
Hoje discute-se uma escolha mais
criteriosa dos aliados para dar resposta ao crescimento exponencial
do Estado Islâmico. Importa encontrar esses aliados, mesmo entre os
Curdos tantas vezes abandonados pelos Estados Unidos; com Bashar
al-Assad considerado pela Administração americana um alvo a abater;
e com o Irão, visto como inimigo de décadas dos Estados Unidos.
Todavia, parece evidente que sem essas
alianças o combate ao extremismo religioso no Iraque e na Síria
redundará novamente num falhanço, mas desta feita com consequências
eventualmente ainda mais gravosas.
Pelo caminho, ficam os erros. Somos
agora confrontados com as consequências, como de resto já fomos no passado.
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