Avançar para o conteúdo principal

Desigualdades

É consensual que as desigualdades cresceram as últimas décadas, com especial relevo para os últimos cinco anos. É a vitória do capitalismo de rédea solta que já não conta com a oposição do comunismo.
O fosso entre os mais ricos e os mais pobres aumentou de forma considerável nos Estados Unidos e na Europa; as classes médias saem enfraquecidas; a concentração de riqueza de uma escassa minoria remete-nos para outros tempos; a coesão social torna-se difícil; as democracias, genericamente associadas a pactos sociais, são abaladas por uma forma de capitalismo que deixa a descoberto as desigualdades fruto de constantes desvalorizações salariais que se agravaram nos últimos anos e que têm vindo a ser escamoteadas pelo outrora facilitismo no acesso ao crédito.
Pickett no seu famigerado livro “O Capital no século XXI” releva a Escandinávia como excepção onde os níveis de desigualdade são consideravelmente menores e alerta para os perigos da concentração de capital, sobretudo de capital herdado, mas chama também à atenção para os perigos do aumento das desigualdades questionando-se sobre até quando os mais desfavorecidos aceitarão esses níveis crescentes de desigualdade.
As sociedades mais justas são escassas e amiúde relegadas para um plano da utopia. Haverá quem seja acusado de perseguir utopias, vivendo desfasado da realidade. Continuaremos a ouvir esta e outras afirmações por parte daqueles que promovem, directa ou indirectamente as desigualdades. Por terras lusas encheram-nos com a ladainha da inevitabilidade. Resultou? Aparentemente sim.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa