O Governo, designadamente os partidos
que compõem a coligação de Governo apostam agora na tese do
compromisso. Estão comprometidos, sobretudo o CDS, em reduzir
impostos; comprometem-se no estudo de uma forma de baixar as taxas
moderadoras e o primeiro-ministro diz-se comprometido em salvaguardar
o Sistema Nacional de Saúde, isto tudo, claro está, sem deixar o
seu grande compromisso: consolidação das contas públicas.
O que mudou? Em concreto nada, excepto
imperativos de calendário: o próximo ano é de eleições e as
disputas internas no PS, contrariamente ao que se esperava, não
fragilizaram o partido.
Importa pois mostrar uma outra faceta
muito para além daquela a que nos têm habituado. Importa baixar
impostos, alimentar a ilusão de que o Estado Social é uma
prioridade e distribuir mais alguns rebuçados até ao período
eleitoral. Nesse particular, Paulo Portas já se adiantou: refere os
pretensos sucessos da governação e sublinha a necessidade de se
aliviar alguns dos sacrifícios. Paulo Portas sabe que o
descontentamento do seu eleitorado é real e que ele próprio
dificilmente sobreviverá a um resultado desastroso.
Em suma, depois de anos de destruição
do país, os responsáveis por essa destruição vangloriam-se e
distribuem benesses. A ver vamos se o problema do BES não atrapalha
os seus planos; a ver vamos se a definição na liderança do PS não
deita por terra os planos de uma reeleição. Enfim, a ver vamos.
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