O primeiro-ministro quebrou o
silêncio, depois de estar refém de uma amnésia repentina, para
garantir aos portugueses nada ter recebido da Tecnoforma, excepto
umas despesas de representação. Quanto é que representaram essas
despesas? Não disse, não se lembra, não convém dizer.
Tudo nesta história cheira mal.
Cheira mal a tentativa de processar tudo e todos (incluindo um
ministro); quando analisamos os negócios, os subsídios atribuídos
e a abertura de portas, o odor torna-se nauseabundo. Na verdade,
começa tudo a cheirar mal com as informações prestadas pelo
secretário geral do parlamento; cheira mal a questão do subsídio
de reintegração e até do subsídio vitalício – o mesmo sobre o
qual Jerónimo de Sousa teve a gentileza de esclarecer, incluindo ao
primeiro-ministro -, malditos são os desempregados que auferem
subsídios verdadeiramente miseráveis; cheira mal aquele anódino
conjunto de explicações do primeiro-ministro.
O cheiro torna-se pestilento quando se
percebe que o moralismo de Passos Coelho não passa de uma
incomensurável hipocrisia – o que acontece com tanta frequência.
Infelizmente parece que nos habituámos
a cheiros pestilentos.
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