A frase em epígrafe pertence a
António José Seguro, é dirigida a António Costa e é
paradigmática de um debate que consistiu essencialmente na lavagem
de roupa suja entre os candidatos.
O debate começou bem com a troca de
acusações e com um ataque cerrado de António José Seguro.
Palavras como “deslealdade” e “traição” marcaram
indelevelmente os primeiros minutos da entrevista/debate. António
Costa preferia salientar o imperativo de consciência para justificar
a sua candidatura. Ambos os candidatos revelaram uma acentuada
dificuldade em lidar com o passado do partido. José Sócrates,
naturalmente ausente, esteve, paradoxalmente, presente.
Quanto à tão desejada clarificação
de posições, pouco se adiantou. António Costa referiu um discurso
alternativo que na realidade nem ele possui e quanto a assuntos
incontornáveis como a questão do Tratado Orçamental proferiram-se
frases vagas, com uma referência de António Costa a declarações
do novo Presidente da Comissão Europeia sublinhando a necessidade de
se fazer “uma leitura flexível e inteligente” do referido
Tratado. Para além da também necessidade de prudência, pouco mais
foi adiantado sobre esta questão essencial para o futuro do país.
Relativamente à carga fiscal, António
José Seguro garante não aumentar impostos, sob pena de se demitir e
António Costa prefere falar novamente na necessidade de se adoptar
uma postura prudente.
Finalmente, colocou-se a questão
sobre hipotéticas alianças. Seguro recusa coligar-se com quem
desmantela o Estado Social e insiste em privatizações, prometendo
paralelamente levar a possibilidade de alianças a referendo; Costa
aparentemente rejeitou a possibilidade de se coligar com PSD e CDS,
referindo a necessidade de se afirmar como alternativa.
De um modo geral, manteve-se a
ausência de clarificações. Tivemos mais do mesmo, ou seja quase
nada. E hoje temos o segundo round.
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