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Surpresas desagradáveis

Ninguém aprecia surpresas desagradáveis: um despedimento, uma despesa suplementar, um acidente, o banco BES necessitar de uma “ajudinha” do Estado. Afinal de contas, todos nos lembramos da “ajuda” que o Estado deu ao famigerado BPN.
Dir-se-á que a possibilidade do BES necessitar de um empurrão do Estado é remota. O que a perspetiva empírica nos diz é que ficamos sempre a perder quando se trata de um banco.
De resto, a agitação em torno do BES tem sido considerável. Todos vêm a público mostrar que está tudo sob controlo: o Governo que pretende mostrar que nada tem a ver com o assunto; comentadores e reguladores dizem estar tudo bem, ou que vai ficar tudo bem. A frase mais ouvida é: “a situação financeira do BES é sólida. O mais recente aumento de capital reforçou a posição do banco”, etc, etc.
Por outro lado, O Citigroup pinta um cenário menos positivo, falando em perdas potenciais de mais de quatro mil milhões de euros...
Pensando melhor, vamos ser mais optimistas e considerar que todo este problema está nas mãos de pessoas que não só têm preocupações com as suas empresas, mas também com a sociedade no seu conjunto. Vamos todos pensar positivo e esquecer esta história das surpresas desagradáveis, afinal de contas estamos em boas mãos: banqueiros, Governo, reguladores. Vamos todos pensar positivo, todos: desempregados, funcionários públicos, pensionistas e cidadãos mais ou menos esmifrados.

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