Por aqui se tem sublinhado a ligeireza
com que o Governo tem exercido o seu mandato: o primeiro-ministro e
os seus acólitos não se sentem impelidos a dar satisfações aos
cidadãos; tudo cai na mais abjecta impunidade; vivemos no país da
inconsequência; vale tudo; etc.
É evidente que a mentira não podia
ficar de fora, sobretudo porque se vive o já referido contexto de
impunidade. Agora Passos Coelho gabou-se de um feito: nos seus anos
de governação a pobreza diminuiu. Mentira. Não existe outro termo,
trata-se de uma mentira. Passos Coelho usa números referentes ao
mandato de José Sócrates para justificar uma pretensa diminuição
da pobreza. A notícia é do jornal Expresso e diz claramente o
seguinte: “Passos usou dados de 2011 para dizer que a pobreza baixou”. Contudo, os dados do INE dizem outra coisa: a pobreza
aumentou – voltamos a números de 2005 – e as desigualdades
também aumentaram.
A propósito da apresentação do
relatório da OCDE, encomendado pelo próprio Governo, Passos Coelho
fez um rasgado elogio ao trabalho desenvolvido nos últimos anos e
chega mesmo a sublinhar a diminuição da pobreza e da desigualdade.
Os números que servem de base à avaliação do primeiro-ministro
dizem respeito ao período entre 2007 e 2011. Espera-se agora que o
primeiro-ministro não só apresente as suas desculpas como dê os
parabéns a José Sócrates, primeiro-ministro na altura em que a
pobreza e as desigualdades, de facto, diminuíram.
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