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Maus resultados em plena silly season

A execução orçamental no primeiro semestre não foi famosa. O défice da administração pública subiu mais 140 milhões. A culpa é do Tribunal Constitucional (TC), o bode expiatório do costume e não da insistência por parte do próprio Governo na aplicação de medidas inconstitucionais. Outra notícia relacionada: Portugal foi o terceiro país onde a dívida pública mais aumentou, atingindo os 132,9 por cento do PIB - o terceiro valor mais alto de toda a UE.
Entretanto já estamos todos esquecidos da origem desta crise e
da transferência do ónus da dívida de um sector bancário excessivamente endividado que apostou num sector imobiliário fortemente sobrevalorizado e em tudo o que foram negócios ruinosos para o país. Esse ónus passou para a dívida soberana. O capital moveu-se e nada mais. Trabalhadores e pensionistas ficaram com a fatura.
Em plena silly season o Governo é confrontado com as más notícias que tenta escamotear, responsabilizando o TC. Esquece-se de referir o aumento do pagamento de juros que só no primeiro semestre ronda os 4,5 mil milhões de euros; esquece-se de referir o aumento das benesses concedidas a grandes empresas e à banca, sobretudo de natureza fiscal. E estamos para conhecer a verdadeira situação do BES e as suas consequências.
O Governo insiste e insistirá que este é o caminho certo para o país. Pouco importa o empobrecimento da esmagadora maioria; pouca relevância terá a venda das empresas mais lucrativas; pouco interessa o enfraquecimento do Estado Social.
Em plena silly season, más notícias. Não se faz.

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