Avançar para o conteúdo principal

Mais do mesmo

António José Seguro e António Costa formalizaram as candidaturas às primárias do PS. Contas feitas e a escassos dois meses das eleições, somos confrontados com mais do mesmo. Com efeito, entre Seguro e Costa não existem diferenças substanciais, sobretudo no plano ideológico. Haverá seguramente uma vasta multiplicidade de diferenças no campo da personalidade, porém no que diz respeito às ideias e projectos para o país, mais do mesmo.
Das eleições de Setembro sairá aquele que muito provavelmente será o próximo primeiro-ministro de Portugal, alguém que tem uma função clara: não mexer substancialmente no que está feito; dito por outras palavras: não alterar a ordem das coisas, não mexer em demasia num sistema que permite a perpetuação e agravamento das desigualdades e que garante a manutenção de um determinado conjunto de pessoas no poder político, económico, etc.
António José Seguro ou António Costa não vão alterar profundamente a ordem de coisas, nem tão-pouco apresentarão quaisquer formas de ruptura. Aqueles que poderiam proceder às rupturas tão necessárias são apelidados de radicais, desprovidos de vocação de poder, mentores de ideias exequíveis.
O Tratado Orçamental e reestruturação da dívida são dois dos temas dos quais os candidatos procuram fugir como o diabo da cruz, preferindo uma discussão genérica e inócua.
Da parte dos eleitores pelo menos para boa parte deles, a escolha mantém-se exígua: entre dois escolhe-se um. A comunicação social vai dando uma mãozinha outros nem optam por não fazer a sua escolha. Assim se perpetua uma dicotomia responsável, em larga medida, pelo estado a que o país chegou.
As semelhanças entre os dois candidatos é tanta que até se verificou uma quase simultaneidade na formalização das candidaturas: meia-hora separou uma da outra. Pouco muito pouco separa um candidato do outro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma