António José Seguro e António Costa
formalizaram as candidaturas às primárias do PS. Contas feitas e a
escassos dois meses das eleições, somos confrontados com mais do
mesmo. Com efeito, entre Seguro e Costa não existem diferenças
substanciais, sobretudo no plano ideológico. Haverá seguramente uma
vasta multiplicidade de diferenças no campo da personalidade, porém
no que diz respeito às ideias e projectos para o país, mais do
mesmo.
Das eleições de Setembro sairá
aquele que muito provavelmente será o próximo primeiro-ministro de
Portugal, alguém que tem uma função clara: não mexer
substancialmente no que está feito; dito por outras palavras: não
alterar a ordem das coisas, não mexer em demasia num sistema que
permite a perpetuação e agravamento das desigualdades e que garante
a manutenção de um determinado conjunto de pessoas no poder
político, económico, etc.
António José Seguro ou António
Costa não vão alterar profundamente a ordem de coisas, nem
tão-pouco apresentarão quaisquer formas de ruptura. Aqueles que
poderiam proceder às rupturas tão necessárias são apelidados de
radicais, desprovidos de vocação de poder, mentores de ideias
exequíveis.
O Tratado Orçamental e reestruturação
da dívida são dois dos temas dos quais os candidatos procuram fugir
como o diabo da cruz, preferindo uma discussão genérica e inócua.
Da parte dos eleitores pelo menos para
boa parte deles, a escolha mantém-se exígua: entre dois escolhe-se
um. A comunicação social vai dando uma mãozinha outros nem optam
por não fazer a sua escolha. Assim se perpetua uma dicotomia
responsável, em larga medida, pelo estado a que o país chegou.
As semelhanças entre os dois
candidatos é tanta que até se verificou uma quase simultaneidade na
formalização das candidaturas: meia-hora separou uma da outra.
Pouco muito pouco separa um candidato do outro.
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