Avançar para o conteúdo principal

Israel está a perder a guerra mediática

A mais recente ofensiva israelita em território palestiniano, designadamente na Faixa de Gaza, já resultou em mais mil mortos palestinianos, entre eles 200 crianças e mais de 40 mortos israelitas, sobretudo militares.
A desproporção é óbvia e Israel começa a perder uma outra guerra: a guerra mediática. Esta é a consequência directa da desproporção e da morte de crianças. É óbvio que não será intenção de Israel matar crianças, mas tem acontecido de forma brutal e implica a perda de apoio internacional, sobretudo da opinião pública. A desproporção de meios e de resultados e a morte de civis, sobretudo de crianças, torna a vida de Israel, no plano internacional, muito mais intrincada. De resto, é contraproducente e apenas beneficia o Hamas.
Desde modo, o radicalismo do Hamas que rejeita a existência de um Estado israelita e que utiliza todos os meios ao seu dispor para atacar o território israelita passam a ser questões pouco relevantes que são obnubiladas pelas imagens atrozes de civis palestinianos mortos e feridos.
Se o objectivo de Israel é intrínseco ao enfraquecimento do Hamas e da sua capacidade de atacar o território israelita é bem provável que esta seja uma guerra vitoriosa para Israel, dotado de meios militares sem paralelo, sobretudo se compararmos com os meios do Hamas. Porém, pelo caminho Israel perde a guerra mediática, com a comunicação social a passar imagens dos resultados da ofensiva israelita: primeiro 4 crianças mortas numa praia em Gaza depois uma escola sob a alçada das Nações Unidas bombardeada com mais crianças mortas. O facto é que nem o melhor relações públicas consegue fazer esquecer essas imagens.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...