O grupo jihadista ISIS que
controla uma parte significativa do território iraquiano anunciou o
regresso do califado nos territórios sob a sua ocupação. Com este
anúncio o grupo procura consolidar o seu domínio na região, pondo
em causa lideranças políticas e até a hegemonia de grupos
extremistas como o caso da Al-Qaeda. Deste modo, o extremismo pode
agrupar-se junto do ISIS e do recente califado.
A instauração do califado tem,
recorde-se, um forte significado para a comunidade sunita,
representando inevitavelmente mais uma fonte de preocupação para os
xiitas. Importa não esquecer as divisões entre sunitas e xiitas e
que essas divisões assentam na descendência do profeta Maomé: os
xiitas consideram Ali o verdadeiro sucessor de Maomé; os sunitas
defendem que a legitimidade da sucessão está nos califas. O
califado tem associado a sharia como lei da umma ou da
comunidade islâmica. Sharia que é lei basilar desta forma de
governo: o califado. O grupo que agora instaurou o califado tem uma
actuação que assenta precisamente nestas premissas que nos remetem
para toda a espécie de anacronismos. O califado é um regresso às
origens; o califado anunciado por este grupo jihadista pretende, para
já, instalar-se no Iraque e na Síria. Mas como sabemos o califado
já foi muito mais abrangente, englobando parte da Europa,
designadamente a península ibérica.
Há quem apregoe que esta mais não é
do que uma manobra de publicidade do grupo. De qualquer modo, importa
não subestimar as intenções de um grupo que já dominou parte do
Iraque e que pode arrebanhar outros grupos extremistas, sobretudo
agora que confere nova importância ao seu movimento com o anúncio
do califado. Haverá quem sonhe há muito com o califado.
O Irão – xiita – olhará com
alguma preocupação para estes desenvolvimentos, mas em bom rigor,
toda a actuação do grupo jihadista ISIS, sobretudo com a
conquista de importantes cidades iraquianas, será fonte de
preocupação suficiente quer para as autoridades iranianas, quer
para a comunidade internacional.
O certo é que a mais recente
intervenção militar americana no Iraque ficou muito longe de criar
alguma estabilidade num território extraordinariamente volátil.
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