Todos os governos necessitam dos seus
acólitos, responsáveis por coadjuvarem na missa. Este Governo de
Passos Coelho e de Paulo Portas não é excepção. Importa contudo
reconhecer que para ouvir e ler os acólitos que ajudam na missa do
Executivo de Passos Coelho é preciso ter estômago.
Reconhecemos com facilidade os ditos
acólitos: os mais ou menos especialistas, revestidos de uma
presumível sapiência adorada pela comunicação social, dotados de
uma moral inexpugnável; os acólitos que fazem parte de um jet set
apodrecido; os que nos tempos mais áureos de Miguel Relvas,
clamavam por empreendedores de bater punho e actos similares – um
fiasco, apesar de tudo e, claro está, banqueiros fingidores: fingem
não ser parte interessada e, mais grave, fingem nada ter a ver com a
crise que convenientemente deixou de ser uma crise financeira para se
tornar numa crise das dívidas soberanas. Os mesmos que vivem de rendas e de negócios ruinosos executados por políticos de pacotilha.
Aqueles que mais visibilidade
conseguem são os especialistas assim-assim, graças à paixão que a
comunicação social nutre por eles, classificados invariavelmente de
especialistas naquela ciência social tão em voga – a economia.
Entre estes contam-se inúmeras celebridades: José Gomes Ferreira,
Camilo Lourenço e João César das Neves, só para dar alguns
exemplos. Apologistas da tese da inevitabilidade procuraram
justificar o injustificável. João César das Neves, em entrevista à
Rádio Renascença afirmou que “é criminoso subir o salário
mínimo” e que esse aumento acabaria por trazer “consequências
dramáticas para os pobres”. Importa olhar para o mecanismo
económico, diz o putativo economista. É preciso saber viver com uns
míseros 485 euros ou, talvez, com uns 500 euros. Ou isso ou o
desemprego. A retórica é invariavelmente a mesma.
Curiosamente o putativo economista, na
mesma entrevista, criticou a situação no BES, chegando mesmo a
afirmar que este caso se pode transformar “no maior escândalo
financeiro da História de Portugal”. Ora, esta afirmação pode
muito bem incomodar outros acólitos como é o caso evidente dos
bancários, mas também dos pertencentes a um jet set apodrecido que
gostam de brincar os pobrezinhos na Comporta e no raio que os parta.
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