O governo italiano apresentou uma proposta no sentido de aligeirar o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) com vista à recuperação das economias.
Um país como Portugal só teria a ganhar com uma maior flexibilização das regras do PEC; uma flexibilização que contribuiria para o crescimento da economia portuguesa, e embora ainda não se saiba exactamente quais as medidas em concreto, a ideia de aligeirar o PEC - que mais não tem sido do que um óbice ao desenvolvimento, sobretudo das economias periféricas - só poderia trazer vantagens para um país como Portugal.
Não é este o entendimento do Governo português. O Executivo de Passos Coelho volta a mostrar a sua verdadeira natureza: os interesses deste Governo não são os interesses do país; dito por outras palavras, importa sim defender a cartilha ideológica que pugna por regras inflexíveis, pela exiguidade das funções do Estado, pela primazia dos credores, ao mesmo tempo que se cria mais dívida e pelo empobrecimento colectivo - uma cartilha que apenas produz mais pobreza e mais desigualdade.
A verdadeira natureza deste Governo torna-se assim bem visível. Nunca se colocou em causa o modelo de austeridade, não se põe em causa o misto de neoliberalismo e ordoliberalismo que domina a Europa, mesmo que este misto seja trágico para os interesses do país. Pode falar-se em legítimidade democrático de um Governo que não está claramente ao serviço dos seus cidadãos? Pode falar-se em legitimidade de um Governo que nada faz para salvaguardar o bem comum? Não é essa a essência da política?
O Governo português, através da ministra das Finanças, recusa flexibilizar o PEC - um verdadeiro óbice à recuperação da economia portuguesa. Quem sonha com qualquer espécie de união entre países que se encontram em situação semelhante que se desengane. Esta é a verdadeira natureza do Governo português e eles não precisam de esconder essa natureza, nem tão-pouco necessitam de recorrer à arte da dissimulação, por uma razão muito simples: por aqui está provado que tudo é aceitável.
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