Não, este texto não visa tratar a
coroação do Rei Filipe VI de Espanha, embora reconheça que o
assunto que me proponho tratar seja igualmente desinteressante.
O jornal Público na sua versão
online utilizou a seguinte manchete: “Reinado de Ricardo Salgado no
BES chegou ao fim”. A utilização da palavras “reinado” é
apropriado, no que se refere particularmente à ênfase dada à
preponderância da instituição bancária em causa, restando poucas
dúvidas quanto ao peso que este (é deste banco que se trata agora)
e outras instituições bancárias têm.
Ricardo Salgado, que sai agora da
presidência do banco, saiu também do seu gabinete, acompanhado por
proeminentes figuras de outras instituições bancárias para dizer
ao primeiro-ministro da altura – José Sócrates – que estava na
altura de pedir “assistência externa”. Por conseguinte, o ainda
presidente deste banco ajudou à festa que têm sido estes anos de
troika: uma festa exclusiva, farta e acentuadamente profícua para os
seus participantes.
A mudança na presidência deste banco
ou de qualquer outro pouco ou nada diz ao país. De resto, fica tudo
na mesma, a extraordinária capacidade de influência destes senhores
manter-se-á intacta e muitos ilustres membros da classe política
continuará a prestar-lhes vassalagem, enquanto os súbditos cá
estarão para tapar buracos. Foi um bom reinado, apenas para eles,
mas foi um bom reinado, mesmo que agora tenha chegado ao seu fim.
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