Entre
a novela do PS e a selecção nacional de futebol, resta pouco espaço
na comunicação social, sobretudo na televisão, para as
inconstitucionalidades declaradas pelo Tribunal Constitucional e
pelas medidas possíveis para compensar esses chumbos, designadamente
um novo aumento de impostos e novas reduções salariais.
A
televisão ainda vai marcando a actualidade, dando especial atenção,
no que diz respeito assuntos políticos, à telenovela protagonizada
por António José Seguro e por António Costa. Não existem
divergências ideológicas, mas antes jogos de poder, caracterizados
pela preponderância de alguns egos e pelas discussões de eventuais
lugares. Tudo o resto é irrelevante. As questões ideológicas, o
debate de ideias e a pluralidade de opinião são questões
irrelevantes para quem escolhe o que marca e quem marca a
actualidade. O simplismo e a inanidade fazem o seu caminho. Na próxima
sexta-feira António Costa apresenta o seu programa da candidatura à
liderança ao PS, vamos ver se esse programa é ou não relevante para a
comunicação social, em especial para os principais canais de televisão.
O
país empobrecido ver-se-á a braços com mais austeridade, isso
enquanto a promiscuidade entre poder político e poder económico não
cessa de existir, enquanto se insiste no pensamento único e,
consequentemente, nas políticas únicas e enquanto o empobrecimento
colectivo aumenta a cada dia que passa.
Assim,
vão-nos entretendo com quem apoia quem no PS, quem ameaça
demitir-se no PS, quem consegue vencer um braço de ferro que teve
qualquer relação com uma ideia – uma ideia; uma alternativa. No
Bloco de Esquerda reina o mesmo vazio; o CDS faz-se de morto, pelo
menos durante uns tempos e PSD vai cavalgando uma derrota que passou
despercebida.
Assim,
vão-nos entretendo com encontros entre responsáveis políticos e
jogadores de futebol, “selfies” e a antevisão do que será o
desempenho da selecção nacional de futebol. Tudo o resto se torna
absolutamente irrelevante, incluindo o papel dos cidadãos numa
sociedade em inexorável transformação.
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