Depois
da notícia que relatava a existência de uma espécie de dispositivo
“anti-mendigo” instalado em prédios no centro de Londres –
facto que causou alguma polémica, sobretudo na internet – agora é
a vez do governo norueguês propor a criação de uma que proíbe a
mendicidade. Em nenhum dos casos se procura combater as causas da
mendicidade. Criminaliza-se e ensaia-se formas de exclusão próprias
de outros tempos. No primeiro caso não parece haver um destino
específico para os tais dispositivos contra os sem-abrigo; no
segundo já parece haver uma tentativa de criminalizar os imigrantes
ciganos oriundos sobretudo da Roménia.
Outras
cidades como a cidade de Paris há mais de dez anos que ensaiam
formas de afastar os sem-abrigo.
A
crise, o desemprego, a destruição mais acelerada da coesão social
contribuem para o aumento daqueles que procuram sobreviver nas ruas.
As sociedades competitivas, inexoravelmente individualistas, nas
quais tudo se faz para separar os obscenamente ricos dos
vergonhosamente pobres revelam-se antros de um egoísmo abjecto. Os
princípios que deram origem às sociedades mais desenvolvidas
parecem esquecidos – o combate à pobreza, a cooperação, a
procura de igualdade de oportunidades, a solidariedade. E são
precisamente aqueles que beneficiaram desse desenvolvimento a
esquecer as suas origens.
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