Avançar para o conteúdo principal

Vencedores das eleições europeias

Estima-se que as taxas de abstenção nas eleições europeias atinjam novos valores ainda mais elevados que já é habitual.
São muitas as razões que podem justificar uma elevada taxa de abstenção: desinteresse; afastamento das instituições europeias relativamente aos seus cidadãos; complexidade própria do funcionamento da UE; descrença generalizada na classe política; etc.
Todavia, não haverá mudança sem o voto naqueles que podem contribuir para essa mudança. As divisões no seio da UE – países periféricos de um lado, afundados em dívida que se agravou com as troikas; países do centro e norte da Europa, apenas concentrados no papel de credores – inviabilizam a consolidação do projecto europeu. As actuais políticas que promovem essas divisões, com base na panaceia da austeridade, contribuem para o afastamento de uma parte significativa dos cidadãos da própria UE. Hoje o discurso anti-Europa vai colhendo frutos que se tornarão mais evidentes já no próximo domingo.
Destas eleições há desde logo dois vencedores anunciados: a abstenção e a subida do radicalismo, sobretudo daquele que se baseia na retórica contra a Europa.
Muitos de nós insistem na premissa errada: não vale a pena votar. Uma das maiores vítimas das políticas de austeridade foram precisamente as democracias. A abstenção em nada contribui quer para a mudança, quer para o fortalecimento das democracias.
As eleições que se aproximam são uma oportunidade de ouro de mostrar à Europa que os seus cidadãos estão vivos, manifestam-se e contam numa Europa afundada nos egoísmos nacionais e na tecnocracia. Infelizmente tudo indica que esta é mais uma oportunidade desperdiçada.

Nas eleições europeias há dois vencedores previamente anunciados: a abstenção e o radicalismo. E, no entanto, saímos todos a perder.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...