Estima-se
que as taxas de abstenção nas eleições europeias atinjam novos
valores ainda mais elevados que já é habitual.
São
muitas as razões que podem justificar uma elevada taxa de abstenção:
desinteresse; afastamento das instituições europeias relativamente
aos seus cidadãos; complexidade própria do funcionamento da UE;
descrença generalizada na classe política; etc.
Todavia,
não haverá mudança sem o voto naqueles que podem contribuir para
essa mudança. As divisões no seio da UE – países periféricos de
um lado, afundados em dívida que se agravou com as troikas; países
do centro e norte da Europa, apenas concentrados no papel de credores
– inviabilizam a consolidação do projecto europeu. As actuais
políticas que promovem essas divisões, com base na panaceia da
austeridade, contribuem para o afastamento de uma parte significativa
dos cidadãos da própria UE. Hoje o discurso anti-Europa vai
colhendo frutos que se tornarão mais evidentes já no próximo
domingo.
Destas
eleições há desde logo dois vencedores anunciados: a abstenção e
a subida do radicalismo, sobretudo daquele que se baseia na retórica
contra a Europa.
Muitos
de nós insistem na premissa errada: não vale a pena votar. Uma das
maiores vítimas das políticas de austeridade foram precisamente as
democracias. A abstenção em nada contribui quer para a mudança,
quer para o fortalecimento das democracias.
As
eleições que se aproximam são uma oportunidade de ouro de mostrar
à Europa que os seus cidadãos estão vivos, manifestam-se e contam
numa Europa afundada nos egoísmos nacionais e na tecnocracia.
Infelizmente tudo indica que esta é mais uma oportunidade
desperdiçada.
Nas
eleições europeias há dois vencedores previamente anunciados: a
abstenção e o radicalismo. E, no entanto, saímos
todos a perder.
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