Sabemos
que por altura de uma campanha eleitoral vale quase tudo para
mostrar trabalho aos cidadãos. Também não é menos verdade que
este Governo não tem propriamente trabalho para mostrar. De resto,
destruição (de salários, pensões, Estado Social e sectores do
Estado) não conta.
Ainda
assim, a campanha eleitoral não justifica aquilo a que o país
assistiu ontem: o anúncio de algumas centenas de postos de trabalho
no Mcdonald's e num call center. O ridículo quer do ministro da
Economia, quer, sobretudo, do ministro do Trabalho atingiu uma
proporção inaudita até para este Governo.
À
falta de melhor e depois de alguma desmistificação dos números do
desemprego, estes ministros decidiram promover o emprego que está
nos antípodas do que o país necessita. Paralelamente, trata-se de trabalho precário cuja promoção conta com a preciosa ajuda do Estado. O IEFP colabora com a já referida empresa que ainda há escassos meses despediu, de forma ilegal, mais de 50 trabalhadores, havendo mesmo casos de mulheres grávidas e trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho coagidos a assinar rescisões de contrato.
Em
bom rigor, não é só de ridículo que se trata. O país assiste,
impávido, a transformações profundas. A promoção de emprego
pouco qualificado e de baixa remuneração é o melhor que este
Governo consegue fazer porque é precisamente esse o sentido que este
mesmo Governo deu ao país. A transformação vai fazendo o seu
caminho e Portugal transforma-se rapidamente num reduto de baixos
salários. Haverá sempre quem diga que é melhor um emprego mal
remunerado do que nada - a premissa perfeita para que a transformação
se consolide.
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