Avançar para o conteúdo principal

O vazio das eleições europeias

Dia 25 de Maio os cidadãos europeus são chamados às urnas. Está em causa o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia.
O debate em Portugal foi quase inexistente, e quanto mais os partidos se posicionam no chamado “arco de governação”, menos debate e menos substância; de resto percebe-se com total clareza que estes partidos estão interessados em tudo menos numa discussão sobre a Europa. Trata-se de um inexorável vazio.
Posto isto, percebe-se que quanto menos se discutir a Europa, melhor. Com efeito, uma discussão séria sobre o rumo seguido poria a nu a vertiginosa aproximação entre os três partidos que têm governado Portugal nos últimos quarenta anos e cuja preponderância nas escolhas europeias tem sido naturalmente elevada.
É preferível o vazio. Deste modo, as semelhanças entre os partidos do “arco de governação” são incontornáveis; estes partidos vão fingindo ser diferentes no essencial, quando na verdade apoiam as decisões estruturais europeias dos últimos anos.
A mudança faz-se de diferentes formas. Mas também se faz nas urnas. A abstenção e outros subterfúgios em nada contribuem para uma mudança tão necessária à Europa, com imediatas e naturais consequências para o nosso país.
Importa ultrapassar o vazio imposto e apostar na mudança, deixando cair de uma vez por todas a persistência no erro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...